No fundo do poço

Chegaste ao fundo do poço?

Ajoelha-te e aproveita para refletir

Mas não te entregues, se velho ou moço,

Ao que não sabes que está por vir.

Não capitules também ao passado

Porque este o próprio tempo já sepultou.

Olha para teu interior dilacerado

Erguendo a face ao céu, que te iluminou.

Não busques por quem te deu o empurrão

Pois talvez não tenhas um espelho.

Olha ao alto para quem te estende a mão

E aceita o que lhe propõe como conselho.

Se no fundo do poço quiseres ficar

Podes escavá-lo e esconder-te da Luz

Ou sobre ti pode deixá-lo desmoronar

Mas não fugirás à vida que te conduz.

Porém, se te deixaste cair à terra fria,

Não te soterres na tua depressão;

És luz, oriunda de quem tudo cria,

E não te cabem as trevas da solidão.

Abre, pois, as tuas asas angelicais

E levanta voo rumo à felicidade

Sem te importares com lágrimas e ais

Que não possam resultar em tua liberdade.

Não! Isso não é egoísmo mesquinho

Ninguém cresce se for de tudo protegido

Recolha apenas o que deixaste no caminho

O que é do outro, ao outro seja dirigido.

Queres amar? Ama-te primeiro

Ajuda-te, se queres a outro ajudar

O chão não é o plano derradeiro

E não é lá o teu real lugar.

Cícero – 27-06-2018

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 27/06/2018
Reeditado em 28/06/2018
Código do texto: T6375153
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.