Chove

Chove

nunca fui muito de frescura

na minha casa reinava até

um discreto ascetismo

não gosto de poesia rebuscada

acho que ficam incompreensíveis

e afastam o leitor

gosto do verso rápido

traiçoeiro e misterioso

mas, bah, sou tão óbvia

gosto do preto no branco

e do arco-íris saindo

do preto e culminando no branco

gosto das cores do dia e da noite

gosto às vezes de um açoite

em que me desgoverno

e que rastejo como um verme

em busca do alimento

gosto de ser humana, mas não gosto das pessoas

e me perdoem a falha

que não é de caráter

mas de um transtorno filho da puta

que me enlouquece os sentidos

e me faz ver o que falta em tudo

querendo corrigir o mundo

quem dera eu soubesse

o necessário e o absoluto

para entender de fato

o que acontece quando chove

e eu fico ensimesmada

com tanta beleza.

Magda L Carvalho
Enviado por Magda L Carvalho em 30/06/2018
Código do texto: T6378286
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