O Povo Vermelho
Vejo um povo,
Tão milenar que seria ilícito tentar o classificar ou denominar.
Donos de um mundo novo
O qual tiveram de sua inestimável riqueza abdicar e para trás a deixar
A vela que aportou pelo “civilizado” a cultura teve que extirpar
Deturpar
E a profanar.
Tupinambás
Filhas de Jaci e Filhos de Tupã
Nhanderús
Que vivem em harmonia com a natureza que aprenderam a amar
Chamados pelos europeus de “gambás”
Pobres foram esses homens europeus
que na época pouco sabiam sobre o que era amar.
Guaranis
Espalhados todos pelo continente que não tinha nome,
Pelo menos não um que o homem branco pudesse em sua supremacia compreender,
Hoje ainda restam canhanharê
Que com sua couraça podem nos proteger.
Tôpanê:
Guarda inocentes iluminados que se elevaram
Ôicamoti as mães por hora ainda possuem a “liberdade” de a seus filhos verter
Ainda que chorem paranâ de lágrimas por seus – kunami e kunhatai –
A bonança não se esvai
E o Sol juntamente com a chuva
Traz o Îy`yba para alegrar os filhos Tupinambás.
Nhan foi desperdício,
Porque o karaíba veio armado com fogo e artilharia pesada,
Tanto medo e tirania empregado em seu ofício
Uma parte da história que o Brasil prefere que não seja lembrada...
Abá caíram antes mesmo de um adeus a suas crianças e um abraço em suas esposas
E seus bem-amados forram violentados e escravizados,
Quem dera fossem mariposas
Para voar para longe dos pervertidos “senhores” bestializados.
Abape
Poderia dar esse desfecho hediondo a uma nação milenar?
Abape
Ousaria sua ancestral sabedoria apagar e sobre ela tripudiar?
Tolos!
Etá
Lamentavelmente cometeram esse crime,
Corações ocos e cabeças de itá
Sob a ordem do vigente regime...
No fim brado e digo:
Îandé somos todos esses que ainda vivem!
Somos frutos do Povo vermelho,
E a todos os remanescentes que sobrevivem
A pátria amada um dia novamente será nosso abrigo.