Luz no fim

Eu cá de baixo, do meu quarto exíguo,

que ainda está na sombra,

tenho a impressão estranha mais feliz

de que sou a raiz,

dolorosa e obscura,

de uma árvore pujante,

em cujos ramos,

cheio de orvalho e pranto,

dois ágeis passarinhos encantados

soltam lá em cima a voz, e, saltitantes,

riçam as penas, festejando a vida.

Luiz Davi
Enviado por Luiz Davi em 12/07/2018
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