O poeta e o atleta

Passou um poeta por aqui e não vi,

passou um atleta e aplaudi.

Passou como pomba sem pombal

com se fosse uma nuvem de cristal.

Não tinha aparência de um poeta,

mas que aparência deve ter este ente

que mormente se abandona a pensar

que morno é ao acalentar corações?

Que marcas deixa um poeta quando passa?

Que olhos preciso pra ver sua graça?

Que desgosto tenho em não sentir

este vento amigo a me agredir.

Que jeito tem este atleta das letras

sem passadas ou braçadas a desenvolver

que tudo abraca a instar?

Não consigo impor regras

nesta intenção de ver poeta.

Poeta não se vê com o ligeiro intelecto

somente pelo coração que é mais lerdo.

Ter olhos para ver um poeta que passa

tem que ter poeta dentro devasso

quem observa fosco atleta

que só tem letras pra o pódio visar.

Ele se enquadra no retinto sonhar

e finge ver aquilo que imagina

um poeta parado esquino

desfigurando a paisagem distinta

pra que eu possa poder aplaudir.

Marcos Rossi
Enviado por Marcos Rossi em 24/07/2018
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