ROTINAS POÉTICAS

É grande a contagem de gente

perdida pelo mundo,

mas algo maior é a vida

quando exibe a sua força.

E assim os perdidos se ajustam;

dos caracóis simétricos à noite,

dos casais gays nos parques de Londres,

à jovem sonhadora em Copacabana,

tocada pelas baleias que surgem

na Baía da Guanabara.

Os dispersos são muitos

porque estão dentro do conjunto tudo:

problemas sem saída,

estorvos consumidos

e se olharmos para cima,

nota-se a rotação do planeta,

que privilegia os vivos

para uma flor diária de mortos .

Eu passo pelos jornais

e agora se noticia

novas cerejeiras no bairro da Liberdade

em São Paulo.

Outra sinal válido chegou-me,

um instante de poesia:

a ponta inocente

que se anuncia

não deixa somente uma súplica.

Elza Viana Araujo e Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Elza Viana Araujo em 03/08/2018
Reeditado em 01/09/2018
Código do texto: T6408591
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