ESTRANHO, MUITO ESTRANHO...
Estranho falarmos que somos todos irmãos
e quando passamos um ao lado do outro nem nos olhamos,
trocamos de calçada dependendo da vestimenta,
mais estranho é Irmos à missa rezar ao Deus daquela igreja
e cuspirmos ódio pelo semelhante que ousa ser quem é,
estranhamente é irmos ao circo na manhã de domingo
e depois, em casa, sermos chamados de palhaços
pelos políticos ordinários que nos roubam descaradamente,
estranho é lermos sobre filosofia e falarmos em liberdade
quando estamos pela estradas de nossa pátria
arrastando correntes, escravos de nossas certezas,
possessos, cheios de remédio, clamando por vingança,
mais estranho ainda é dizermos que somos poetas
se mal reconhecemos as palavras que nos fogem,
escapam pelas entrelinhas do não entendimento,
o ego em fervura alta e a razão vergonhosamente nua
entre os pensamentos variados sobre posse e destruição,
mais estranho é a cobiça de quem tem preguiça de criar
um só motivo para o futuro de nossa raça,
e o mais estranho é chamarmo-nos de homens
quando estamos dentro das jaulas criadas por nós mesmos
a rir nossos dentes sujos e nossos desejos violentos,
a aplaudir ditadores falastrões que falam sobre mudanças
que nunca ocorrerão porque são homens sem ética
e sem moral, são pessoas como nós,
pobres poetas com vergonha das palavras...