CAMARÁ

Giro, giro, giro pelo mundo
E no meu gingado suado
Escorre o suor sagrado
No meu grito de paz e de dor

Na vida dou minha esquiva
A meia-lua solta ou a queixada
No meu giro de cabeça
Dou uma volta ao mundo
E vejo muita fome
E uma aldeia tão desigual

Vou de bênção,
Chapa, ponteira,
Martelo e esporão

Carrego nas mãos
O aconchego dos irmãos
No peito a resistência
E nas pernas  e nos braços 
O gingado de um povo
O giro de compasso
E o meu suave abraço

E no meu olhar
A força da inclusão
Ginga meu irmão
Gira pelo mundo
Iê! camará!
Minha saudação


(Minha homenagem ao Mestre de Capoeira - Moa do Katendê - assassinado banalmente)