Capitão Caverna
Preciso entregar esta mensagem!
Preciso que chegue à geração mais alvo. (Geração 2000)
Preciso cantar para que nunca acabe:
Nosso anjo voa tonto em zigue-zague.
Chamem a Máquina Mistério!
O povo é o fio da navalha.
E esse fantasma político,
Navio que só atrapalha...
Quando tentam me provar
Que não sirvo pra mais nada,
Que meu tempo já passou,
Que restaram-me as beiradas
Eu contesto com mais vida.
Com mudança e evolução. Vocês estão loucas, crianças?
É tempo de resistir. Estamos, Capitão!
É tempo de decisão...
Abram as portas! Eu não ouvi direito...
Baixem as armas!
Viemos em paz
Mas não somos covardes, não!... Estamos, Capitão!...
Querem falar de semente!
É um ciclo deprimente
Mas a cinza do meu cigarro
Morta e indiferente
Tem mais cor que essa semente...
Querem falar de futuro...
Eles querem falar de amor!
Mas ergueram esse muro
Entre o servo e o senhor.
(Entre a paz e o horror)
E o verde do catarro
do meu banheiro
Está mais limpo
do que a ética utópica Vocês estão mortas, crianças?
Desse boeiro... Estamos, Capitão!
Quem nos deixou aqui embaixo? Eu não ouvi direito...
A caneta ou o capacho?
E quem seria o capacho?
Mas é claro que é o macho...
Burro e inflexível.
Retrógrado e fã do jurássico.
Faz pose de
ativista
Mas nunca levou
nenhum esculacho.
Pouco a pouco, louco a louco,
O sangue escorre na quebrada.
Eles chupam nossa força
E devoram nossas vidas
com sabor de palhaçada...
E o macho faz piada.
Piada com milhares de vidas
Estraçalhadas...
Vocês estão salvas, crianças?
Estamos, Capitão?
(Eu afirmo que não...)