O divisor de águas
Os olhares não se cruzam mais,
Qualquer um pode ser o inimigo.
São diferentes os ideais
Dos que convivem no mesmo abrigo.
Pessoas familiares;
Agora, não passam de desconhecidos.
“Quem é esse o qual convivo?”
Implantaram o medo,
A desconfiança.
É só desespero,
Ou insegurança?
Cabeças baixas
Por receio.
É o que resta ou que sobra?
Somos massa de manobra,
Ou obra de manuseio?
Não creio!
Parece até devaneio.
Conseguiram nos separar irmãos,
Com uma densa neblina
De incertezas.
Abrir os olhos parece em vão,
E por trás das cortinas,
Nos manipulam com destreza.
“Em contrapartida um mar de certezas”
Uma fumaça cinza e sufocante,
Impedem quaisquer
Que tentem encontrar o caminho.
Afastam-se do seu semelhante
Por que quer,
E reclamam estar sozinhos.
Fumaça densa e cinzenta.
E onde há fumaça há fogo.
E à pouco
Acenderam em nós
Uma vontade de violência.
Decadência.
As realidades são tão contrastantes assim?
Talvez seja, mas tem quer ser assim?
"Matar aqueles que morreram por mim"
É o fim?
A fagulha que faltava pro estopim!
Uns gritam e ninguém ouve.
Uns se calam e ninguém se comove.
O silêncio é ensurdecedor.
E ninguém sente a mesma dor.
Ninguém sabe o lado que escolheu,
Ao certo.
Mas sentem que algo se perdeu,
Ali perto.
"Cavando fundo, procurando água no deserto"
O clima é de luto,
Não há o que comemorar.
É um "abrir mão" daquilo que luto,
Sem ao menos ter á que lutar.