Desabafo
 
O florista fala das flores
O poeta de seus amores
O político patife fala de seus planos
O ignorante de seus enganos.
 
Eu falo da vida dura
Da iniquidade que perdura
Da demagogia que sempre cresce
E do dinheiro que desaparece.
 
Eu falo do olhar de um menino
Que nasceu sem armas na mão
Se um dia virar bandido
A sociedade é culpada ou não?
 
Eu falo de uma maioria da juventude
Que tem tudo para crescer
Vive perturbada e sem direção
fugindo dela através de uma ilusão
Que, quando não mata, maltrata seu próprio ser
 
Eu falo de um homem que apanha
Que gosta de sofrer
Acredita em discursos lindos e mentirosos até o nome de Deus é usado para enganá-lo.
E o orador, canalha, finge que gosta desse ser
 
Eu falo da doença que não tem cura
Das pessoas que não têm fome de cultura
Eu falo das perguntas do querer saber
Muitas das respostas não têm nada a ver.