NOITES BUCÓLICAS

Na tarde quente canta a cigarra,

Que se agarra à vida, certa da morte.

O vento levará sua carcaça,

Rirá da vida que passa.

À noite festejam os grilos,

Cujos cricrilos anseiam por filhos -

Falhos nesse louvável mister,

Cantarão, dê no que vier.

No brejo canta o sapo,

Bate papo com prováveis rivais,

Os quais também cantam guturais

Canção que se esgarça em fiapos.

Em meio a insetos, anfíbios e aves

Silencio, não incorro em chamamentos -

O tempo forneceu-me as chaves

Que trancam apelos e tormentos.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 20/05/2019
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