VIDA DE ESCRAVIZADO

Fui arrancado do meu chão

Levado à força para um tumbeiro

Atravessaram um oceano inteiro

Chegando aqui eu descobri

Que este chão me transformou

Em mais um escravo brasileiro

Fui vendido no mercado

Como um produto bendito

Que todos tinham o direito

De usufruir dos seus frutos

O trabalho duro e maldito

Que consumia o individuo

Aqui não se tinha direito igual

Se trabalhava de sol a sol

O dia inteiro de janeiro a janeiro

Só se descansava quando morria

Ou quando se conseguia

Com a ajuda da maçonaria

Uma carta de alforria

Mas a liberdade almejada, sonhada

Por imposição da coroa inglesa foi outorgada

Deixando uma herança de injustiça

Pois para quem já não tinha nada

Com seu nada foi mandado embora

E essa gente ainda hoje, sofre suas dores.