Abstrato

Das constantes oscilações

Nem tão constantes pois variam frequência e modulam a amplitude

Da cura precoce da infecção que virará epidemia

Da luz que só fulgura ao dia

Da escultura burocrata entalhada nas fibras do tempo

Do brilho tênue e fosco do teu olhar

Que se propaga através do vácuo que nos divide

Das tuas intenções que não cometem crime

Da minha culpa pela (im)perfeição

E por isso ser um cativo não sentenciado

Do navio que perdemos

Do preço da viagem que não fizemos

Das cores e vozes que ecoam eternamente

Do eterno caleidoscópio que nos ilude

Da assimetria das tuas curvas

Das tuas esmolas escritas

Das tuas poucas palavras de piedade

Do resultado que não fechou nessa (in)equação

Da estupidez intrínseca em não depreender

De jamais dizer "eu amo você"

Da minha única distração

Dos artigos para revisão

Da areia movediça que devora a sanidade

Das coisas que hoje sei

Mas que jamais aceitarei

Do que ontem era tudo

E hoje é só o ontem

Do barro intocado do teu corpo

Da estrela que doravante brilha em outra constelação

Do teu amor com sabor biliar

Dos teus olhos negros como o rio (negro)

Que jamais olharam nos meus

Por medo de sentir e não dizer

Eu amo você

AçúcarMascavo
Enviado por AçúcarMascavo em 22/09/2019
Reeditado em 22/09/2019
Código do texto: T6751426
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