O pato
Era uma vez um pato
que se achava o rei da Patolândia.
E por isso o pato, de fato,
andava e "cagava" para o que lhe diziam
e para quem lhe dizia.
Entre tantas patices que o pato fazia
estava a de olhar ao próprio umbigo
(se é que o tinha) e não via que caía
todo excremento por sua cloaca
sujando as patas de quem amigo se dizia.
E caminhando assim o pobre pato,
abstendo-se, intencional e alienadamente
do direito e do dever do debate, pacato
ou mesmo acalorado, não via o coitado
que estava a ser escaldado.
Assim, um dia, em que só espiava pela janela
não percebeu o tolo pato
que na cozinha da vida, a panela
lhe preparavam para a patice final
de que seria vítima sem patadas.
Por fim, ao pato, a vida matou,
escaldou, depenou e desmembrou.
E o pobre pato, coitado (?), virou comida
e após o processo de digestão
virou, o pato, esterco que, nesse caso, esteriliza o chão.
Cícero - 16-09-19