LEMBRANÇAS PASSADAS

 Há tanta gente dispersa pelo
Mundo afora,
Há tantos nascimentos previstos
Fora de hora,
Há tantos silêncios escondidos
Nos ocultos acomodados,
Há tantos momentos esquecidos
Nas madrugadas.
 
Há tantos olhares pedindo
Socorro,
Há tantas tristezas nos rostos
Uns dos outros,
Há tantas raízes de amarguras
Que não foram tratadas,
Há tanta malícia, tanta injustiça,
Tanta preguiça, tanta malandragem.
 
Há tantos lugares certos para
Momentos errados,
E há momentos errados que nunca
Deram certo,
Há leitos vazios esperando o aconchego
Do cônjuge,
Há marca de batom na camisa feita
Pela própria amante.
 
Há tantas palavras que se engasgam
Com a própria saliva,
Há tanta marra que não dão valor
A vida,
Há tantos beijos que já são de
Despedidas,
Há tantas despedidas para o começo
De uma nova vida.
 
Há muitas lembranças passadas no
Futuro,
Há momento que sabe como
Pular o muro,
Há ódios e desafeto entranhados
No íntimo escondido,
Há um dia certo para soltar um
Grito!
 
Há caminhos que já levaram ao
Sucesso,
Há planos que fracassaram quando
Estava dando tudo certo,
Há aqueles que trocaram a sorte
Por um prato de lentilhas,
E muitos ainda estão isolados
Em suas próprias ilhas.
 
Há pessoas que não gostam
De abraços apertados sobre o peito,
Distorcem tudo para mostrar 
Que só elas sabem o que é direito,
Dominam, argumentam e sujam
As mãos com as facilidades,
Mas perdem o domínio de sua
Liberdade.
 
A arrogância e a altivez caminham
Juntos com os prepotentes,
Não abaixa a voz para delicadeza,
Nem dão argumentos aos outros.
Esmurram as verdades sobressalentes,
Consideram-se os mais inteligentes,
São surrealistas.
 
Há portas abertas que levaram
Muitos aos desesperos,
Há fases na vida que temos que
Pedir arrego,
Há mãos estendida que às vezes
Precisam de ajuda,
Também há mãos recolhidas que
Não querem pagar o preço.
 
Há dias maravilhosos que levantamos
Da cama cantando,
Há noites tenebrosas que voltamos
Para mesma chorando,
Algumas vezes temos medo de
Nós mesmos,
Outras vezes é a nossa própria
Sombra que nos assusta!
 
A brisa corre nos umbrais
Das nossas portas,
Da janela espia a mudança
Do céu em cor cinzenta.
Na rede a criança aponta o
Corvo que saiu voando.
No riacho de águas claras ouvem-se
Os mugidos dos animais cantando!
 
É tétrica a cena parada ao relento,
Passos marcados contra o tempo.
O semblante decaído da orgia,
Cambaleiam na lama ao findar o dia.
A terra geme de tanto desleixo,
A lua encerra a sua luz ao pé da serra,
E o céu rasga-se o véu do desespero.
 
 
 

 
Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 01/10/2019
Reeditado em 25/10/2019
Código do texto: T6758607
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