[ sem título #12 ]
I.
os mosquitos
o lampejo
o latido a noite:
isso tudo
é poema
se busco que tenham
sentido?
porque nada dizem
da tarde acontecida
entre esperas
de chuvas y falas trabalhistas
do patrão
que explorava
enquanto
alguns funcionários
se calavam
porque ensinados
— na crise
na desigualdade
no pouco —
a obedecerem.
II.
os tempos passados
são presentes.
III.
o latido ao dono
y a noite que passa
de distintas formas:
com ligeireza no coito;
com lentidão
na função
de carteira
assinada;
com naturalidade
nas decisões políticas:
enquanto o atraso
em ser país
nos adia
de ser povo.
IV.
o latido ao dono
y as mãos vazias
que outrora se cerravam
e exigiam
mas que agora
se abrem
e se estendem
à pedir
com mansidão
o que
é
direito.
V.
aprendemos também
a latir
y assim fazemos.
mas não mordemos,
porque isso
é desagradar,
porque isso
é mostrar
controle
de si:
coisa que
nunca
precisamos.