Esse Foi O Ano...

Esse foi o ano...

Onde eu mais xinguei, chorei, gritei, em suma, surtei.

Amei, beijei, consolei, ao todo, me doei.

Afastei, mandei, critiquei, pensando bem, maltratei.

Abracei, chamei, tentei, no mais, desejei...

Desejei de tudo um pouco e do pouco muito

Talvez matei tantos quanto me mataram

Perdi tantos laços quanto apertei os afrouxados

Desisti de sentir e ao mesmo tempo desejei novamente

Me senti sangrar por aqueles que outrora me dariam seu sangue pra viver

E talvez arranquei lágrimas daqueles que choraram minhas dores comigo

Esse foi o ano...

Eu vi a dor dos outros ser parte do meu corpo

Eu atravessei corpos como se fossem fantasmas diante de mim

Eu chorei tanto por tanto que em um momento tudo secou

E sorri tanto por tanto que em dados momentos doeram meus lábios

Senti-me desfragmentar em milhões de pedações, e eles ainda não foram todos remontados

Me deixei se entregar de uma maneira que não deixara a tanto tempo

Expus minhas falhas e meus medos sem me importar com as consequências

Recebi pedradas em formas de palavras, agulhas em forma de abraço

E também recebi carinho de quem menos esperaria ganhar

Esse foi o ano...

Ano que senti começar com as mãos dadas

Ano que percebi que todas as mãos foram soltadas

Ano de perdas, de dores, de turbilhões

Parecia que estávamos presos dentro de milhares de furacões

Maremotos inundaram, chamas queimaram, a terra nos engoliu

O verde fez-se cinza, o azul perdeu a cor, até o sol viu seu eclipse

Mas nada disso durou, ou deveria durar, ou deveria ao menos começar sem terminar

Tudo isso foi em um ano, tudo foi em uma passagem

Passarela que agora, pertinho, parece chegar ao fim

Esse foi o ano...

Aconteceram tantas coisas ruins e boas

Tantas lições e tantos desejos, tantas metas e tantos devaneios

Que não cabem nas palavras mudas de um poeta

Que não cabem nas letras tão enxutas de um jovem sonhador

Tantas passagens, tantas lições e tantas decepções

Tantas pessoas que ganhei e perdi

Tantos amigos que se encostaram em mim

E eu, talvez, jamais tenha realmente encostado neles

Esse foi o ano...

Talvez o meu primeiro, talvez o meu último

Talvez o que mais fiz, talvez o que não fiz nada

Talvez o que perdi, talvez o que ganhei

Talvez o que aprendi, talvez o que esqueci

Talvez o que lutei, talvez o que deixei de lutar

Talvez o que sonhei, talvez o que deixei de sonhar

Talvez o que odiei, talvez o que me fiz amar

Talvez o que parei, talvez o que continuei a caminhar

Talvez o que senti, talvez o que me fez perder as sensações

Talvez o que brinquei, talvez o que brincou comigo

Talvez...

É

Talvez...

Esse foi o ano... e talvez

Ele ainda nem tenha acabado...

Maicon Lopes
Enviado por Maicon Lopes em 08/12/2019
Código do texto: T6813955
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