DOEI...
 
Doei minha infância...
Era nescessário, a sobrevivência,
Vi muitas coisas, boas e ruins...
E páginas da vida, foram descritas,
As mãos e os dedos, eram afins,
E muitas coisas, foram ditas ...
 
Ainda não havia sonhos,
Apenas metas, direção incerta,
Na infância, seguimos os olhos,
Olhando a pequena janela, aberta,
Seguimos passos, os atalhos,
Sabemos pouco, das descobertas,
 
Doei minha adolescência...
Não era um pedido, formal,
Era um tempo de inconsistência,
Para muitos, era normal,
Essa forma de impotência,
Desejos da adolescência, usual.
 
Todos os perigos me cercaram,
Era apenas, um animal faminto,
E todas as dores, me marcaram,
Era viver ou morrer, era contento,
Não havia tempo, demarcaram,
Tudo, era rápido, num só momento.
 
Doei minha juventude,
Não havia opção, razão,
Era vigor, era plenitude,
Era o pulsar do coração,
Mas, apenas, era atitude,
Ninguém dava atenção.
 
Vi minha juventude fluir,
Lembro pouco, de sorrisos,
Só tinha uma opção, servir,
Não conhecia o paraíso,
Era um desejo, de não sentir,
Sentindo, o que era preciso.
 
Doei minha vida adulta,
Não tinha dia, tão pouco noite,
Todos os dias, era dia de luta,
Corria das feras, corria da sorte,
A prece, era fragmento, era curta,
A carne sangrava, em cada açoite.
 
E o tempo passou, não dei conta,
As cargas, os pesos, as cobranças,
Poucos, os sonhos, nada encanta,
Apenas lamentos, lembranças,
De um tempo, que não se planta,
Perdido, nos olhos, da esperança.
 
Chegou minha velhice,
Digo, que não me pertenço,
Pertenço ao destino, crendice,
Perguntam, a quem obedeço!
Diante de minha velhice,
Finjo demência, não esclareço...
 
 
 
 
Léo Pajeú Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Bargom Leonires em 30/01/2020
Reeditado em 30/01/2020
Código do texto: T6854512
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