Meu espírito
Meu espírito
Tão calado e ligeiramente morto de amor,
Tão cândido e tão amedrontado de sonhos sonhados nas noites que o sono não dormia,
Estrelas a espreita de um final para puxarem-me para baixo,
Grito aos ventos a todos que desejam meu espírito, deitam-te e morram com rapidez.
Tão cúmplice dos tímpanos que nada ouviram, do tudo que nada sempre foi,
Da sabedoria dos ignorantes da fala em uma ligeira viagem ao cosmos,
Mas todos os segredos não foram descobertos, tampouco todas as dores foram curadas,
Nem a vida tão temida quanto é temida a vida da morte.
Estas nuvens carregadas de lágrimas que não caem, estas flores abraçadas pela aquarela que se envergonha,
Estes pães que alimentam o corpo e a alma em escassez, a compaixão é o alicerce da alma,
Mas nem todos os dias foram vividos e nem todas as noites foram feitas de amor,
Nem mais uma vez o escolher foi feito em esperança e lucidez.
Onde vão, estrelas? Partem para se tornar o abismo que a tudo engole,
Oh, escuridão, tu não é temida, só não é compreendida por aqueles que não veem a serenidade no confinamento,
Não tem medo, oh poeta, por aqueles que não nascem com teus olhos, mas tu és portal pra os olhos cegos,
Não temas a verdade, pois ela está em toda mentira e em toda vaidade.
Oh estrelas, oh sóis, oh universos, não conseguirão levar-me o Espírito que tanto já foi quebrado,
Tanto já foi ferido e refeito, não importa as tentativas vãs daqueles que tentam levar-me a esperança, pois são falhos,
Em meu espírito vivem todas as histórias, todas as caminhadas, meu nome todos saberão,
E eu vivo com os céus e todos estão a ver-me, e mesmo isso, quando pararem de ver-me, e eu ver-me para sempre, para sempre, serei, eterno.