EU

Sou feudo dos sonhos que viram jamais;

Os beijos no espelho que indicam o não mais;

Os medos que tornam os sonhos mortais;

Os dedos que julgam se achando normais.

Sou o mundo mudo que não muda e mente,

O final banal que fugiu contente

E o mais comum, fingindo o diferente.

Sendo tanto e tudo e um tanto faz

Vendo o absurdo e pedindo mais.

Assistindo o vento me varrer mordaz.

Desgastar meu tempo e me deixar pra trás.

As digitais no espelho

Não aquecem a pele.

E o meu melhor conselho,

É que seja breve

No sentido das palavras;

Na busca da razão.

E em qualquer emboscada

Que fizer o coração.

Sou o instante instado a criar.

O mortal que busca o eterno.

Sou o que posso e tento mudar

Pois ser menos seria o inferno.