As horas

Da janela, os olhos espiavam a rua

Deserta e solitária.

O sol deitava-se sobre as pedras quentes

Janaina esperava...Outra tarde, outro dia

Novo dia, outras horas

Velhas tardes.

Janaina não olhava as horas

E o tempo corria!

A chuva chegou a sua janela

Ela a fechou.

O sol não coloriu o horizonte

E foi embora.

Janaina abriu a janela

Era um beija-flor

O dia estava com um gosto de chuva fria,

Um pálido dia

Mas as flores dançavam com o vento

E agarradinhos aos cabelos do sol.

Da janela, os olhos espiavam a rua

Vazia e silenciosa

A chuva deixara, ainda que breve,

As suas marcas molhadas

Janaina esperava...

O sol lambeu as pedras molhadas

Da rua

Bebeu dos telhados umedecidos

Vestiu o horizonte de cores grená

E partiu.

A noite nasceu sobre os olhos

De Janaina.

As horas se passaram, sem sonhos

Sem quereres, sem tempo perdido,

Sem medos, sem velhice, elas,

As horas, são insensíveis, não têm sentimentos.

E Janaina não viu!

Os olhos tateavam as velhas pedras da rua

E na tarde tentavam enxergar as cores.

As manhas pareciam ser todas iguais.

Ora o beija-flor era só um vulto

Em envolto a algumas manhas

De um passado de espera.

Janaina esqueceu de fechar a janela!

O sol já nascera, a adornar as cortinas

De um novo dia!

Deita-se sobre as pedras da necrópole

E sem pressa, ilumina o nome de Janaina,

Janaina dormiu...!

Edivaldo Mendonça
Enviado por Edivaldo Mendonça em 20/02/2020
Reeditado em 10/10/2023
Código do texto: T6870331
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