Dentre as sombras, surge a serpente.

Em um instante calmaria e no outro desespero,

A sombra que me perseguia me engoliu por inteiro.

Dentre os inúmeros gritos não ouvidos e as vozes sussurrantes,

A morte parecia fazer total sentido por um instante.

Até que depois de muito chorar, eu pude entender

Que era a minha própria sombra que me fazia no escuro me esconder.

Os temores, os pesadelos, os desejos mais proibidos,

Os traumas, as lembranças e todos os conteúdos reprimidos

Lá estavam me atordoando, me maltratando, parecia até estar me matando,

Mas não... Eu só estava perdida dentro da minha sombra, não era morte

Eu poderia até mesmo afirmar que naquele momento eu tive sorte

De na minha sombra me perder para transformação encontrar

Pois é preciso trocar a pele, para a serpente se renovar.

Então foi isso que eu fiz, eu me renovei,

Arranquei toda aquela pele velha que marcada um dia deixei.

Marcada pelos machucados que a vida e eu mesma causei

E que doíam incessantemente até que a mudança encontrei.

Arrancar a pele antiga pode arder,

Pode sangrar e fazer os dentes na boca ranger,

Mas não há dor que não seja passageira nem em morte, que dirá em vida,

E a dor da renovação de pele da serpente faz com que uma lição seja aprendida:

É preciso abandonar o que não serve mais e levar somente o que se aprendeu,

São lições impalpáveis, porém transformadoras para o interior meu e seu.

O novo chega para que voltemos a desfrutar da vida

Até que deste corpo chegue a hora da verdadeira partida.

Enquanto isso, me perco e me encontro nas minhas próprias sombras,

Caio e me levanto, me renovo e prossigo, pois sei que alguém me sonda,

Salve aos que caminham entre serpentes,

Aos que promovem a mudança dentro das atordoadas mentes

E em meio a angústias e medos que nos acometem de repente...

Dentre as sombras, surge a serpente!

Thalita Cardoso
Enviado por Thalita Cardoso em 14/03/2020
Código do texto: T6887896
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