Questões
Questões
E quando todos partirem, e restar-se somente tu, tu ainda viveria?
E se de ti fugisse o que é essencial, e restar-se somente tua alma, essa seria suficiente?
E se tu, por fim, também morresse, tua respiração ainda seria lembrada?
E se tu, em vida, não tivesses conhecido o amor, ele ainda abriria-te a porta?
Seus semelhantes, são semelhantes somente em aparência ou compartilham de um amor igual?
Seus olhos, veem todos igualmente ou só veem aquele que o teu corpo necessita?
Tua fala é beneficente a todos, ou o bem continua somente em tua fala?
Tu és aquilo que sonha ao mundo ou é aquilo que o mundo sonha que jamais exista?
Tua canção é cantada por todos ou é somente fruto de teu ego?
A solidão que tanto falas, é sentida ou é acompanhada de tantas outras?
E o fim, que tanto propaga, antecede a vida ou a nega?
E teu abraço que se diz acolher, acolhe somente por fantasiar ou por compaixão?
E todo o perdão que necessita já perdoou os marginais, que como você, sobrevivem?
E tua mão, que julga e profana, já descansou em paz ou nasceu para condenar?
E teu coração, que diz tanto suportar, suporta também a calamidade de um que tudo suportou?
E tua hipocrisia, é maior que a verdade que trancada em tua boca fascina os mentirosos?
E se tudo, de um instante a outro, voasse ao infame e de lá deixasse de existir,
Tu enxergaria mesmo com os olhos cobertos de medo?
E se tudo profetizasse em tua liberdade do fim,
Valeria o sacrifício de ter lutado por um começo infindável?