TODO HOMEM É UM RIO

Todo homem é um rio

Porque possui em si o sabor do infinito

Cúmplices líquidos de brutalidades

Os homens desaguam suas dores

Querem, córregos tolos,

Fazer acordos com o tempo

O tempo não carece de rios e de homens.

Pois é verdade que todo homem é um rio

Que desata a lutar pela sobrevivência

Na afluência de mil obstáculos

Tantas são as pedras em seu curso

Quantas quedas ao longo da jornada

Ainda assim adormecem em seus leitos

Sonhando sedes de infinidades.

Há um desejo ingênuo de eternidade

Que homens e rios se deixam inundar

Há meandros que embalam vozes

E sossegam a procura de margens

Mas quando morre o rio, morre o homem

Tão certo que são a mesma substância

E na terra aflora apenas uma sombra.