Um Vale na Sombra da Morte

UM VALE NA SOMBRA DA MORTE

(Brumadinho)

O descaso já comanda os fatos

chuva de causas de um embaraço

sinistro fim no arder da chama

onda gigante de um mar de lama

engole tudo acabou espaço

A tormenta é forte inundando a lida

desespero povo sem guarida

moveis velejam no correr da enchente

dor doida, choro bem presente

vai-se a esperança no tragar da vida

A vida se esvai arrebatando sonho

sem pódio,só o vil lamento

infindo sofrimento fica

uma dor que no peito grita

fornalha em fogo corpos ao relento

A barreira da desigualdade avança

represando a sobra do recurso

a taça estoura em brinde da ganancia

escoa lama onda que avança

matando a flora vau do rio em curso

Sopra o vento frio do além

em rajadas sem medir a sorte

a catástrofe do precipício é cama

seja água fogo ou lama

emoldura o vale na sombra da morte

A fatalidade em resumo é caos

é abandono, é choro é surto

não se explica o dolo a falta de amor

a resposta é o silencio maquiando a dor

e o que resta é pranto, misturado luto...

Narcelio Santos

12/02/2019

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