ALIÁS, PROFESSOR...

E, aliás, há a guerra, todo dia

E a poesia que nos salva

E a prosa que nos dá voz

E o grito que nos dá vez

E vazão

E, o silêncio, às vezes,

Razão

E um monte de pormenores

Nos faz menores,

Mirando o infinito...

Há muito de sonho em meu labor

Há muito de insano

Há muito, perdi o sono

Só não posso fazer cena...

Cobram de mim um grã-fino,

Pagam a mim de operário...

E eu o sou...

Sou professor-mestre, sim,

Mas, sim, também, proletário...

Meia e volta, volta e meia

Meio o mês sem mais salário

E, cobram-me, utopias

E, cobram-me, ponto de horário

E, no acerto de contas,

Vejo-me em palavras prontas,

Vejo-me em dias corridos,

Cansados, calados,

Nem sempre reconhecidos...

A prova, a nota, a aula, a pauta,

A prática, a súplica, a solidão,

A sinfonia dos “nãos”,

O mísero sim de um dia de outubro

E quase trezentos de outonos

E mais uns cinquenta de enganos,

E mais conversas de engodos,

E mais sintomas de ingratos,

Até quando? Desde sempre...

Desde sermos quem nós somos

Ou, talvez,

Queiramos ser...

O que nos faz sonhar

Mesmo no tergiversar de quem tem lei...

José Daniel da Silva
Enviado por José Daniel da Silva em 27/05/2020
Código do texto: T6959512
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