A PORTA

E surge a porta maciça e pesada

Incrustada na parede de pedras,

De aparência betumada

Ou simplesmente enegrecida

Pela ação inclemente do tempo.

Uma aldrava forjada em bronze

Dava-lhe um aspecto ainda mais austero.

A porta permanecia fechada e escondida

Entre cipós e trepadeiras,

Sombria, assustadora, assombrada,

Quem sabe?

Quantos fantasmas abrigados por ela?

Talvez sonhos escondidos,

Pesadelos esquecidos...

De repente o lamento da dobradiça

Enferrujada, seca, maltratada:

A porta se entreabre por magia,

Um sobressalto, apreensão, surpresa!

Uma luz impactante surge na fresta aberta,

Uma brisa suave e refrescante

Vinha do interior atrás da porta.

Um passo titubeante e o êxtase:

Uma sala limpa e iluminada pelo sol,

Uma melodia acolhedora soava no ar,

Mas nenhum habitante,

Apenas um lugar de aconchego,

De calor que acolhe

Como coração de mãe.

Muitos são portas fechadas, assustadoras,

De quem outros querem distância,

Sem imaginar o que esconde

E perdem, por preconceito,

Por julgar precocemente,

Um forte lenitivo para a alma

Que segue cansada, sedenta e ferida,

Esquecendo-se de que o belo é tesouro

A ser buscado no âmago do coração.

Suely Buosi
Enviado por Suely Buosi em 05/07/2020
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