SE EU TIVESSE ASAS

Se eu tivesse asas, as galáxias miraria.

Até o cosmo subiria.

Os astros aplaudiria.

Os cometas seguiria.

Se eu tivesse asas, Morar na lua, gostaria.

As estrelas contaria,

versos em rimas citaria

e a Deus entregaria.

Se eu tivesse asas, entre nuvens esconderia,

lá de cima, para baixo olharia,

Para contemplar as "rebeldias"

e do contraste ouvir as cantorias.

Se eu tivesse asas, no ar "deitaria",

e a brisa sentiria.

como folha plainaria,

sobre o vento moveria.

Se tivesse asas, na chuva me molharia

O arco íris mediria.

A aurora boreal assistiria.

E com flocos de neve cairia.

Se eu tivesse asas, sob o mar mergulharia.

No silêncio da calmaria,

ou no retumbar da espumaria,

nas ondas bravias surfaria.

Se eu tivesse asas, às cachoeiras desceria.

Os abismos não temeria.

Nos pântanos escuros entraria,

das brumas, cerrações e nevoeiros sairia.

Se eu tivesse asas, para os lugares remotos viajaria,

os desertos, ermos e sertões atravessaria.

Até nos rincões do planeta vida acharia

e nas geleiras e ilhas, abundancia de rimas tiraria.

Se eu tivesse asas, o mel perfeito acharia,

E das fontes secretas beberia.

O néctar da flor rara sugaria

E com as abelhas "zumbiria".

Se eu tivesse asas, com os pássaros voaria.

com as bater das asas em harmonia,

e uma só voz em sifônia

tirar uma grande melodia.

Se eu tivesse asas, nas montanhas subiria.

Nas concavidades das cavernas entraria.

Novas emoções eu teria,

e das coisas belas da escuridão rimaria.

Se eu tivesse asas, as florestas exploraria.

Com os animais falaria,

E o som comum conheceria,

mais inspiração com certeza eu teria.

Se eu tivesse asas, as debandadas lá de cima olharia.

Quando o predador, falharia.

E sua presa escaparia,

para multidões o filhote correria.

Se eu tivesse asas, nos vulcões arriscaria,

das lavas pularia,

da fumaça fugiria.

Muita Adrenalina eu teria.

Se eu tivesse asas, no pináculo ficaria,

para os homens olharia,

Para saber o que sentiria

e para eles, qual rima caberia.

Se eu tivesse asas, os olhos vendaria

Para não ver a correria.

Entre empurrões e grosseria,

das multidões em histeria.

Se eu tivesse asas, como homem, usá-las não daria.

A inveja surgiria.

O semelhante por elas mataria.

E mais nada valeria.

Se eu tivesse asas, o rancor surgiria.

O orgulho me tragaria.

O egoísmo venceria

E o amor acabaria.

Se eu tivesse asas, sendo humano, voar não poderia.

Minha voz calaria.

Na rotina cairia.

De agonia e desgosto morreria.

Continua...