Envergonhada

Branca como a lua

e luzente do alto privilégio

que é haver nascido

da cor que não a apontam

com infindáveis impropérios.

Eu sou favorecida

mesmo sendo pobre,

pois em meio àqueles referidos

pela cor, sou tida como superior.

Beneficiada, sim, eu reconheço!

O que eu fiz para merecer

tamanho apreço se em minhas veias,

assim como as de quaisquer pretos,

também flui sangue vermelho?

Apadrinhada sem padrinhos:

assim reverbera o destino.

Envergonhada, eu busco rimar

o perdão que a minha cor

não merece conquistar.

Jeane Tertuliano
Enviado por Jeane Tertuliano em 24/07/2020
Código do texto: T7015787
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