Ou seja: não ter, durante a vida, nada além de relações de prostituição.

Enquanto nos contentarmos em repetir os rituais de nossos ancestrais hominídeos, seremos ainda apenas “prostitutos de nós mesmos”, pois nesse sistema de troca animal tanto faz em que posição estamos – ambos, o macho e a fêmea, ou o ativo e o passivo, estão apenas encenando repetidamente a dança da vida, que embora possa ser bela e ancestral, nem sempre condiz com o nosso atual estágio de consciência. É possível, é necessário, despertar, e evoluir no nosso caminho de altruísmo. Não mais tratar o próximo como uma fonte de troca de sexo por dinheiro ou dinheiro por sexo, mas como uma possibilidade de reconhecimento mútuo, de cumplicidade, de companheirismo, de conhecer, quem sabe pela primeira vez, “a visão do outro”...Se Deus nos deu o dom do amor, não me parece que devêssemos nos contentar em utilizá-lo apenas como moeda de troca, como uma espécie de barganha. Da mesma forma com que alguns recorrem a Deus com oferendas e orações decoradas, apenas com o objetivo de conseguir alguma espécie de “bênção” em troca (geralmente o mais rápido possível), muitos de nós ainda veem o ato sexual como mera barganha, mero “comércio de amor”. Mas o amor não pode ser comprado nem vendido, e o seu sistema de troca está ainda muito além da compreensão dos hominídeos... Ainda assim, eles o reconheceram. Aprenderam a andar em duas patas e, pela primeira vez em sua existência, puderam observar o céu e o infinito para além dele, e não mais apenas o nível do solo a sua frente. Alguma coisa em seu interior se acendeu e desejou ardentemente seguir adiante, sempre para o alto, cada vez mais alto... E, embora suas patas tenham permanecido arraigadas a terra, sua mente e seus corações passaram a perceber o início de uma trilha. Ali começava o caminho do amor, e quem poderia imaginar até onde ele poderia nos levar?

Café sem açúcar
Enviado por Café sem açúcar em 25/08/2020
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