Tributo à velhice

A velhice está hospedada aqui em casa.

A hora, agora, é de lhe servir os mortos:

o tempo... os espectros...

Fogo fátuo luminosos.

Como? -- não sei.

O corpo já não conta, não sente,

não vê com outros órgãos que não os olhos.

Não anda com outro órgão que não o tripé

Que rejeita os caminhos tortos.

Uma das mãos cava os buracos,

enquanto a outra tampa os poços.

Mas as duas me retalham a carne,

e brigam pelos ossos.

A língua, os ouvidos... ah, infelizes.

Cativos dos segredos sórdidos.

Ai, quanta terra tenho na boca

que meus dentes não engolem.

__São sintéticos a maioria!

E daí, a quem importa?

__Aos homens... às mulheres...?

Ah,...aos andróginos.

Por favor,

batam a porta quando saírem.

Deixem ao meu alcance apenas os livros

A Platão, também, pertencem os sólidos.

Luzineti Espinha
Enviado por Luzineti Espinha em 02/09/2020
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