Veneno

Cadeias nos fecham as bocas

Chaves nos trancam os ouvidos

Nem nossas ideias ditas loucas

Nem nossos sólidos argumentos são lidos

E nesse mundo pragmático

Que me deixem falar e ser enfático

Que minhas ideias revolucionem o mundo

Mas, se cegos, como modificar em nós esse conjunto?

Grite! Que grite em volume o nosso silêncio, agora

Verbalize e escandalize, pois é a vida que chora

Concreto o dialeto, do âmago tire o seu pudor

Que o ser, antes humano, possa expressar-se em fervor

Que semente crescerá se a luz não a tocar?

Deixe fermentar, que não te privem de falar

É desalento envenenar-se assim

Com a ideia a fechar-se, enfim

Toquemos no cume do monte

Que se faça brotar a fonte

Mas, por hora, guardado em mim está

O que um dia se libertará

Minha palavra, ideia e voz

Se ouvirá de forma feroz

Cale a minha boca, insolente!

Mas não poderás calar a minha mente.

Rebecca Fonseca Sales
Enviado por Rebecca Fonseca Sales em 29/09/2020
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