ELE VIU-SE, ENFIM...

Paralisado, ele tornou-se espectador,

Seu eu levantou-se e saiu,

Olhou para si próprio, e sorriu.

E da maca, ele podia ver-se, sem dor.

Acompanhou seus próprios passos,

Um tempo de horror!

Deitado ali, não tinha controle algum,

Sobre si mesmo e nada podia fazer,

A não ser,

Assistir o seu eu, em alto zoom.

Reações que jamais imaginou,

Palavras que nem se lembrava,

Que um dia falou.

Um ser petulante, ele olhava.

Então pensava: que absurdo!

Nunca pude perceber que eu sou assim...

A consciência me chama e eu me faço de surdo.

E exclamava: o que fiz de mim!

Assistiu-se de camarote

E horrorizado de si

Quis sair dali

E murmurou: preciso mudar,

Antes que meu próprio eu me derrote.

Discriminador, agressor, ignorante.

Insensível, insuportável e petulante;

Assim me vi naquele instante

E tive vergonha de mim.

Ele pensou!

Ênio Azevedo

Luciênio Lindoso
Enviado por Luciênio Lindoso em 14/11/2020
Código do texto: T7111323
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