TRATADO POÉTICO SOBRE EDUCAÇÃO
A educação é o sumo que tange a alma
Ou é o pulo do gato em sua fera calma?
Ou o que lhe custa e lhe assalta a verve
Com o gume que sempre lhe pondera?
Ou talvez, a educação é isso mesmo
O surto febril de qualquer primavera?
O ócio cediço de uma aberta janela?
Preço desmedido de nossa quimera?
Seria a educação o que vem de fora?
Sendo ditado que jorra da fácil litania
Texto de várias linhas, esquizofrenia?
Ou buraco negro, numa sutil alegoria?
Ou seria o que se carrega por dentro
Com o gosto amargo da fina poesia?
Ou o cuspe lançado na cara todo dia
O que nos cabe da taça desta tirania?
Seria a força dos brutos de nossos dias
Os que nos ofendem, o padre, a mídia,
O macho e a mesma dita burguesia?
Ou o que diariamente fede e não sacia
Por ser muita informação de pouco valia?
Ah, nos cossenos da numérica sangria
Não seria a educação, o urro na melodia?
Música sem eira, sem tarja, de sem terra
Nosso caro verso que nunca se encerra?
Ou a educação é o sinal que nos vale
Nas linhas tortas do outro Tordesilhas...
Ou estas horas diversas, o fuso horário
E falangetas e tíbias de fútil ossário?
Ou seria aquilo que às vezes nos assusta
Na crosta terrestre sobre o bruto magma
Gozo e paixão desmedida que se alastram
No fogo ardiloso de uma bela servil puta?
Ou vale tudo isso, se pela nossa teimosia
Vem a verdade, nega-se a educação vazia
E num intenso que brota que nos habilita
Vem um amar sem preço e sem covardia