Como venho

Venho em nome da busca que não cessa,

Da mancha escura que paira ainda sob o sol,

dos lamentos que, embora nunca ditos,

Dentro do peito, são diários gritos.

Venho na vagarosidade dos que têm pressa,

mas já não têm força para correr,

Dos que cansaram até de se esconder,

E agora precisam saber quando a vida começa.

Venho na força da indignação com o injusto,

Da procura que se reitera a todo custo,

Com os olhos flamejantes e a boca seca,

Na trilha da água limpa, entre uma vitória e um susto.

Venho por conta da incerteza, da insegurança,

Do temor inato e de todo tipo de ameaça,

Aprendi da impermanência, reato com a esperança,

E sopro ao vento meu relato: é certo que tudo passa!