Reflexões aleatórias durante um passeio no parque

Hoje resolvi caminhar no parque

Sei lá, tomar um ar...

Caminhando a gente dispersa energias,

Entra em contato com a natureza.

Parque até cheio, gente de todas as idades,

Gente correndo, gente andando, pedalando...

Gente com máscara, sem máscara,

Se bem que máscara não mascara

Nem desmascara caráter,

Só encobre o sorriso,

Mas tem gente que sorri com os olhos

E eu vi tanta gente de óculos escuro...

Só uma reflexão, sei lá...

Há tantas pequenas coisas impagáveis nesta vida

Que nem sempre damos a elas o devido valor:

Ouvir o canto dos pássaros

(Tive o privilégio de ver e ouvir um bem-te-vi),

O som das folhas ciciando ao toque da brisa

Ou as mesmas folhas num concerto de rock’n roll

Quando a brisa se faz vendaval,

O barulho da chuva no solo,

Na terra, no concreto, nas árvores,

O cheiro de terra molhada que sobe,

O sentir a terra aos pés,

Sentir a chuva no corpo

(há quanto tempo não sinto),

O andar de mãos dadas,

O andar em grupos,

O andar sozinho mesmo, a esmo,

(Deixando a natureza levar as preocupações),

Os pais que caminham com seus filhos,

Que sorriem e brincam com eles,

(Quanto bom exemplo há nisso),

O piquenique,

O sorriso inocente e lindo de uma criança desconhecida,

Sinal de que ainda há esperança na vida.

Há um vírus circulando por aí,

Fato inegável a quem não é gado nem cego

E que está nos matando.

Mas o que é um vírus se não uma forma de vida

Que está simplesmente cumprindo sua missão?

É claro que não devemos deixá-lo

Concluí-la com êxito, a nossa é impedi-lo.

Mas estive a pensar:

– Não seríamos nós, humanos,

Os vírus que consomem o planeta?

E esse que agora nos assusta

Não seria o antibiótico contra nós?

Sei lá, são só reflexões...

A diferença entre nós e os vírus?

Eles, por conta própria, não conseguem fazer o oposto

Daquilo que para o que foram programados

(por Deus ou pelo homem),

Enquanto nós, racionais que somos

(ao menos achamos isso),

Temos esse poder de transformar a nós

E ao que nos circunda e pouco utilizamos.

Mas, sei lá, são só reflexões aleatórias

Durante um passeio no parque.

Cícero – 07-02-2021