Os léxicos do Amor
Para sentir o teu rosto, não é necessário tocá-lo!
Tudo é velho desde o começo, tudo está perdoado,
Porque tudo é antigo com relação ao amor.
Talvez se eu afagasse a mão pelo teu lindo rosto,
Sentiria as marcas de teus gritos escondidos;
Sentiria o abismo onde atiras teus beijos divididos,
Mas é que as marcas e abismos, as inúmeras cicatrizes
Compõem as melancólicas máscaras felizes
que estão esculpidas em teu rosto
[e elas te zombam através de teus próprios olhos.
Não permita que o inferno seja interiorizado em tua alma,
Não permita que haja só uma forma de léxico calma
[quando decidires amar com o teu subjetivo amor real!
Perdoa teus próprios pecado, pois o que se perdoa
É como a flor que se atira aos pés de um deus ideal.
(Meu amor, meu anjo, minha vida,
minha amada, minha estrela, minha querida,
meu raio de sol, meu céu, minha eleita,
minha flor, minha rosa, minha borboleta...)
Não somos pecadores, mas podemos melhorar quem somos.
Os nomes que inventei para as tuas iras
São os nomes que recolho das colheitas feridas,
São nomes que só pertencem ao meu entendimento,
E voam tristes em torno do nosso firmamento.
Essas vontades de fugirmos de nossos destinos,
De escaparmos das traições que nos deixam pequeninos,
Ao ruído daqueles batimentos cardíacos que não vemos,
Às vozes desses lábios que queríamos ter e não temos...
Essa vontade de fugir à fatalidade dos que possuem duas vidas,
Essa vontade de escapar dos desertos e das cidades comovidas
[cheias de amantes apaixonados e almas absolvidas,
Essa vontade de dominar e vencer nossas vontades e impulsos!
E é tão complicado expressar o que sente
[o coração ferido e sedento do amor que não mente,
Pois jamais sabemos o que é amor e amizade verdadeiros,
Quando tudo são palavras, desejos e conceitos
Nas múltiplas linguagens do corpo e da ternura.
Porque, diferente de tudo o que possamos ver,
O Amor não tem um só nome e uma só forma de ser,
Porém tudo o que é dito nos instantes de chamas, mágoas ou de ilusão
São palavras_ as outras palavras derramadas do Amor em evolução!
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens ou até mesmo dos anjos, mas não fosse capaz de amar os outros, não seria mais do que um sino que badala ou um chocalho barulhento."
(1 Coríntios 13:1)