DEPOIS

Depois que a Graça dos teus lábios

Encheram-me com o selo da redenção,

E o evangelho do teu corpo sábio

Apagou as culpas de minha condenação,

Entendi e estendi as mãos em teu rosto,

E afogado nas profundezas do fogo,

Poderei renascer de novo?!!

Depois de tuas reais mãos,

Que voaram como plumas ufanas,

Apenas esse ventania insana

Acariciou do meu rosto a solidão.

Depois de teus lindos olhos

Que me refletiam o teu amar

Apenas há as ondas da escuridão

Que banham esse meu triste olhar.

Depois de tua carne selvagem e fogosa,

Meus dedos apenas afagaram

Esta silenciosa terra pedregosa.

Quando a fé e a calma

(Dos que nada pedem)

Habitam em minha alma

Tantos sons e vozes, mas silenciosa.

Quando o sonho e a esperança

Tiverem desaparecido do mundo

Há muito desprovido de um amor profundo,

Não haverá nem os serenos risos das crianças.

E depois que a verdade e a ciência não mais

Forem divindades ideais,

Todo o nosso espírito vazio

Talvez criará outros narcóticos celestiais.

(Depois que teus lábios me abandonaram

E teu corpo despojou a minha sorte,

Todos os meus sonhos já não mais sonharam,

E meu coração se tornou uma oferenda à Morte!)

Depois que a terra desolada nos abraçar

E nós tivermos a Morte como única companheira,

Nós, quem sabe, encararemos e encontraremos

Nossa alma e nossa selfie deformadas, mas verdadeiras.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 15/02/2021
Reeditado em 16/02/2021
Código do texto: T7185162
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