De crocodilo
A vítima quer a sua pena
Porque não tem asas.
Quer os seus ouvidos
Porque é surda pra si mesma.
Quer a sua atenção
Porque se ignora demais.
Quer o seu profundo amor
Pois raso é o seu próprio.
A vítima quer o seu olhar
Já que não se enxerga.
Quer a sua compreensão
Já que se vê como enigma.
Quer a sua paciência
Pois vive guiada pela pressa.
Quer vê-lo hipnotizado;
Escravo de perigoso ópio.
A vítima não ama ninguém;
Está presa em sua miséria.
Diante de um mundo injusto,
Tolo é quem o quer mudar.
A vítima nem se conhece
E de autoanálise carece.
Não faz ideia da importância
De profundamente se amar.