FRAGMENTOS DA PANDEMIA
Mais um dia anuviado
Com essa triste pandemia
Que assola o mundo inteiro,
Tingindo a geografia
Com a negritude da morte,
Pulmão da filosofia
Atroz do desencanto
Mistério da sintonia
Como no tempo de Adão
De Eva e de Sophia
Aos poucos fui me perdendo
Assim como esquecendo
Dos temas que escrevia
Portanto, os esqueci
E, a ninguém mais prometi
Escrever pra ser lembrado
Mas se for, que seja um tema
Num poema recitado
Com o fim da pandemia
Em meio ao céu estrelado
Não mais vejo o que se passa
Na rua ou no jardim
Tudo tem Coronavírus
Ninguém mais olha pra mim
Se olha, é com espanto
Melhor, dizer assim;
Como se eu fosse o vírus
Ou a serenata do fim,
Arpejando o som da morte
Com trombetas e clarins
Creio eu, estar desnudo
De uma sensatez audaz
Discortinando o difuso
De um sentimento capaz
Que externa o que sente
Por esse vírus voraz
Que extermina inocentes
Violentando a paz
Sobretudo das familias
Que choram pelos que jaz