Casas, lares e moradas

Nossa primeira casa, ainda inconscientes,

Foi, de Deus, a mente ou a vontade.

À essa época, éramos ingênuos, inocentes

E não tínhamos noção da realidade.

Mas Deus, nos caminhos da Evolução,

Nos empurrou nos precipícios da Vida.

Assim, em queda livre, sem entender a razão

Crescemos buscando a essência esquecida.

De espíritos vivendo em liberdade

Ganhamos um corpo como moradia

E conscientes da nossa efemeridade

Nem sempre o tratamos como merecia.

Pois a mente, sede do nosso real Ser

Aos limites do corpo físico transcende

Não se contenta só com o que pode ter

E, acelerando, ao Tempo ofende.

Presos então na nossa liberdade carnal

Recebemos um belo planeta para morar

No entanto, uma ganância sem igual

Transforma-o em inabitável, inóspito lar.

Morremos. (?) Finda-se o ciclo terreno

E não mais livre é o espírito humano

Suas ações, terríveis feito fatal veneno,

Levaram-no à beira do abismo profano.

Cai, portanto, nas trevas da arrogância

E faz girar a cármica roda da Existência

Que não perdoa qualquer extravagância

E assim se inicia o pagar da penitência.

Então outro corpo, outra celeste morada,

Da Vida, começa outro estágio evolutivo

É mais um recomeço da eterna caminhada

Da qual não escapa o mais hábil esquivo.

Pouco importam as nossas casas de alvenaria

Pouco importam os casebres ou mansões

Se não há respeito pela obra de quem nos cria

São inúteis todas as nossas razões e emoções.

Entre idas e vindas, espontâneas ou compulsórias

Vamos percorrendo os nossos caminhos

Até que após planas e irregulares trajetórias

À primeira morada retornamos sozinhos.

Cícero – 12-03-21

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 13/03/2021
Código do texto: T7205502
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