Paradiando Francisco Otaviano

Quem passou por essa vida canalha

e não se arriscou num futuro incerto,

nao sentiu na carne o fio da navalha,

foi apenas uma miragem no calo do deserto.

Quem nasceu em berço suntuoso

e se esquivou dos risos e das dores,

se privou do mais gostoso,

a artimanha cruel de um milhão de amores.

Quem nunca soube que um choro abafado

afoga no peito um aperto de dor,

jamais saberá distinguir o certo do errado,

reconhecer num olhar um gesto de amor.

Quem passou pela vida e não se apercebeu

do seu deslumbramento, do seu destrambelho,

só passou pela vida e nao viveu,

foi uma simples imagem refletida num espelho.

Quem numa manjedoura veio ao mundo

e mesmo flagelado nunca cedeu,

foi muito mais que o ser mais profundo

passou pela vida e não morreu.

Flavio Jose Pereira
Enviado por Flavio Jose Pereira em 12/05/2021
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