As Crônicas da Morte

E a morte,

de tanto ser processada

resolveu descer ás profundezas

no intuito de pedir demissão ao diabo

No entanto,

não foi de seu agrado demitir

um empregado tão valioso

sendo assim,

o diabo e a tão temida morte renovaram o contrato

A dona morte voltou de onde havia parado

tornou a matar os seres humanos

pobres animais desprezíveis

mas não adiantava processa-la,

pois seu advogado era mais astuto do que qualquer

homem que possuísse formação

E á medida que a morte

dissipava os mortais deste vil e triste mundo

o diabo contentava-se em ganhar

novas almas para atormentar

uma forma sarcástica de elevar o seu próprio ego

E quanto mais a morte matava

mais processos apareciam

Isso ocorreu de tal maneira

que até mesmo os anjos se incomodaram

e resolveram prestar queixa perante

o Majestoso Criador

O Criador resolveu marcar uma audiência

com a morte tendo como advogado de defesa

o seu senhor

o diabo

Não demorou muito tempo até

O diabo expor seus argumentos

que embora diabólicos,

porém, tentadores

não seria justo outorgar permissão

para matar os meros “bonecos de carne e osso”

simplesmente por não conhecerem

o significado do amor

Os anjos já estavam sem paciência

com uma louca vontade

de espancar a morte e seu defensor

Ambos tiveram sua solicitação negada

não teriam mais o direito de atormentar nenhuma alma vivente

A morte foi condenada a 1 milênio de prisão

sendo assim obrigada a fazer reclusão espiritual

sem ter direito á redução penal

o diabo nem se preocupou tanto assim

pois sua pena sempre foi perpétua

A dona morte

reclamou pelos seus direitos trabalhistas

e pediu rescisão,

FGTS,

Seguro Desemprego,

e outros benefícios pelos seus serviços

prestados ao “espelho sem luz”

Mas o diabo

por ser quem ele é

não lhe pagou nada

Depois que um milênio se passou

A morte foi solta da prisão

Então ela retornou para a terra

O diabo apareceu descaradamente

prometendo-lhe um salário maior

A morte mandou o diabo se catar

afinal de contas ele é pai da mentira mesmo

e saindo para outro lugar

pensou bem a respeito de sua condição

então a morte foi visitar o tempo,

um dos piores assassinos,

e os dois fizeram amizade

a morte

perguntou se o tempo não estaria á procura

de novos empregados

o tempo agradeceu e disse que estava satisfeito,

pois estava trabalhando para o Criador,

seu coautor

A morte voltou para as profundezas

e perguntou ao seu antigo senhor

se ele poderia aceita-la de volta

mas ele expulsou a morte

com toda a sua fúria

Então a morte,

ao saber que não tinha mais nenhuma serventia

resolveu voltar para a prisão celestial

mas os anjos não queriam ela nem para varrer

o chão do céu

Então a morte

decidiu escrever

histórias de terror

e tornou-se bastante popular

de maneira que até os demônios

lhe pediam autógrafo

E nessa história de quem viveu feliz para sempre

O diabo mordeu-se tanta inveja

e decidiu mudar de profissão

tornou-se um pregador

de heresias

seus adeptos o seguem com reverência

mas o perigo que isso representa

hoje está no meio de nós

no meio das Igrejas

que se proclamam

únicas e absolutas

E nessa história toda

cada qual segue o seu próprio curso

o diabo sujando as praças

a morte publicando seus livros

que causam medo

e nós como crianças enganadas

por pederastas

que pretendem nos salientar brutalmente!

O orelhão e seus inimigos

O orelhão invejava

o smartphone e seus aliados

mas eles fizeram pouco caso do orelhão

o smartphone exaltou-se dizendo que

era especial, pois possuía muitas

funcionalidades

luz, calculadora,

watsapp,

e outras coisas também

O tablete considerava-se um gigante,

pois era o aparelho mais usado

pelas crianças

e mais usado para ler livros também

O Iphone endeusou-se,

pois além de ser o mais caro

de todos,

possuía mais opções

do que qualquer

aparelho

O smartphone e o tablete

não gostaram muito

sobre a afirmação

que o Iphone fizera,

mas reconheceram de certa forma

que ele até tinha razão

O orelhão,

antigo meio de comunicação,

irritou-se sobremaneira,

sabendo assim que era ultrapassado

Mas havia um detalhe

do qual os aparelhos não estavam cientes

é que diferentemente do orelhão,

os aparelhos necessitam

de alguém para recarregar

Quando os aparelhos se lembraram desse detalhe

foram imediatamente

para suas casas

para se recarregarem

Pra azar deles

o senhor carregador

havia dado uma volta com a pilha,

sua namorada,

e não resolvendo seus problemas,

os aparelhos foram ficando

cada vez mais desesperados,

o smartphone ficou estressado,

o tablete ficou piscando,

pois sua bateria já estava em dez por cento,

o Iphone,

embora sem fôlego,

manteve a elegância

A lâmpada,

que estava em seu escritório,

ligou apressadamente

para o telefone fixo

O telefone fixo

atendeu por si mesmo

e então recebeu o recado

Então a dona lâmpada

pediu pro telefone fixo

que dissesse aos aparelhos

que o carregador

fora sequestrado juntamente com a pilha

O telefone fixo dera o recado

aos aparelhos

Quando os aparelhos escutaram a notícia

o tablete descarregou-se por completo

e então caiu ao chão

quebrando assim o seu display

O smartphone e o Iphone tentaram

levar o tablete para a loja de concerto

mas acontece que o smartphone

era pequeno de mais

e o Iphone era muito magro,

sem ter forças para carregar o tablet

eles pediram que o telefone fixo

ligasse para funerária eletrônica

Infelizmente ninguém atendeu,

pois aquele dia era domingo

sendo assim,

o smartphone e o Iphone

chamaram a chave de fenda

para desparafusar o tablet

o smartphone e o Iphone

transferiram uma pequena quantidade

de suas cargas

para o tablet

O tablete acordou

e então se lembrou do que aconteceu

o smartphone e o Iphone

contaram a ele o que havia acontecido

A chave de fenda

despediu-se dos aparelhos

e foi-se embora

Os aparelhos reconheceram suas limitações

e foram até o orelhão

para pedir-lhe desculpas

Mas quando chegaram lá

já era tarde demais,

pois o orelhão

havia sido arrancado do lugar

os três aparelhos começaram

e antes que suas baterias se acabassem

elas se jogaram no meio da rua

mas ao invés de um carro,

ou um caminhão passar por cima delas,

houve um carro que parou perto

de onde eles estavam

Então desceu um menino de sete anos

e ficou muito alegre,

pois aquele era seu dia de sorte

o menino adotou os aparelhos

e os levou para sua casa

Ao chegar em casa,

o menino colocou

um carregador no smartphone,

outro carregador no tablet,

e outro carregador no Iphone

O pai do menino ficou com o Iphone,

a mãe ficou com o smartphone,

e o menino ficou com o tablete

enquanto isso,

o orelhão fora despedaçado

até o último de seus botões,

pois ele não tinha mais nenhuma serventia

Então todos os aparelhos de tecnologia

se reuniram para sepultar o orelhão

mas não conseguiram,

pois ele estava em pedaços

E assim continuou

a jornada do aparelhos

até que um dia envelheceram

e foram vendidos

no feirão do Facebook

Fim!

Ubiratan Rodrigues
Enviado por Ubiratan Rodrigues em 19/05/2021
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