VIDAS
Admiro principalmente essas árvores, mãos calejadas, frágeis, peles toscas, secas.
A mostrar vestígios das árduas pelejas, e de como o tempo vai moldando suas vidas.
Gosto de ver seus galhos secos, exaltados, braços esquálidos, voltados para o céu,
Todos..., em agradecimentos à natureza, como se estivessem..., todos em preces...
Bela, e sui generis romaria, desses seres que se entrelaçam num afetuoso amplexo,
E parece-me..., que alguns se quedam genuflexos..., e recebem a hóstia sagrada!
E as suas mãos..., voltadas para o céu parecem contar, e conversar com as estrelas.
 
As geografias, desse corpo, apontam para os sinais, e mostram as rotas alteradas.
Essas marcas engavetadas na alma, suas vivências, são registros, seus históricos.
Esses anais aferem os dias passados e como as adagas deixaram marcas indeléveis.
Essas anamneses costuram as colchas de retalhos, e dão grande significado à vida!
Tenho a mais nítida impressão que a nostalgia fica reconstruindo suas lembranças...
A fazer referência, aos seus outonos... , quando as folhas, despiam os seus galhos,
E as folhas secas caídas forravam a terra, essas alfombras, espetáculos da natureza.
 
Quando, as suas ínsitas reminiscências, eram, inapagáveis memórias das primaveras.
E os seus galhos floridos..., viçosos, abriam largos sorrisos agradecidos, e acenavam...
E embalançavam-se ao ouvir a voz canora dos ventos, que improvisava as gangorras.
Em bela apoteose à natureza vestia-se de flores, e os perfumes inebriavam as almas...
Contudo, indefesos., envelhecidos, curvam-se, em presença das diversas intempéries.
Arqueiam diante dos caprichos dos diversos ventos, e o crepúsculo faz os seus ensaios,
É o ciclo de vida preparando-se para recolher os casulos, às semelhanças são privilégios.
Albérico Silva