Pobre folha

Uma folha alaranjada

Do outono que passou

Foi pelo vento arrastada

Que na água a jogou

Lá no rio suas mágoas

Vagando na correnteza

Por cima daquelas águas,

Pobre folha, que tristeza

Descia toda chorosa

Sem ter onde se agarrar

E da árvore frondosa

Começou a se lembrar

Do seu galho tão bonito

Flores com quem cresceu

Das nuvens lá do infinito,

Chuva que do céu desceu.

O canto dos passarinhos

Em verdadeiras toadas

Despertavam nos ninhos

Nas manhãs ensolaradas

Os animais que paravam

Sob à árvore a descansar

E na sombra ali ficavam

Esperando o sol baixar

A pobre folha descia

Sem conseguir entender

Aquela água que corria

E a levava sem querer

De repente do seu lado

Outra folha apareceu

Tinha o tom alaranjado

Igual como era o seu

A folha então percebeu

Que tudo um dia termina

Que na árvore ela nasceu

Para cumprir uma sina

Da árvore se desprendeu

E o vento então a carregou

Nas águas, a folha entendeu

Que a sua missão findou

Assim é a lei desta vida

Os anos vêm, e se vão

Tem dias de rosa florida

Outros, pétalas no chão

Iracema Cerione (Mayra Luz)
Enviado por Iracema Cerione (Mayra Luz) em 13/08/2021
Reeditado em 27/08/2022
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