Eu sou uma pintura desbotada

Eu sou uma pintura

Mas uma daquelas desbotada

Sabe, com traços turvos, com tinta descascada

Com marcas de dedos sujos por tanto ser tocada

Por sorte, não estou desmantelada

Não, as bordas seguem impecáveis

Chega a ser engraçado

A moldura poderia ser confundida com ouro

Mas o retrato pintado, bem, é tinta barata

Não me entenda mal

Posso ser esquecida, isolada

Posso ate ser aquela pintura que ninguém busca mais nada

Depois de tantos e tantos anos sendo observada

Mas há uma relíquia em toda essa velharia

Tá, não tão velha assim

Só alguns anos de construção

Sabe o que é, as peças quanto mais velhas, mais encontram recordação

No fim, sim, sou uma pintura desbotada

Mas não há valor nem qualquer equação

Sou a pintura da minha imaginação

De abstrato até surreal, de realista a peça banal

Eu sou uma pintura desbotada

Que a cada nova espiada

Me transformo em outra interpretação

Maicon Lopes
Enviado por Maicon Lopes em 22/08/2021
Código do texto: T7326362
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