Sobre isto a vida versa.

Já estive em quase todos os lugares

Onde a vida nos permite estar

Sem convite para olhar de perto

e nem de longe

Onde quer que, porventura, houvesse

Hoje estava só, sentado no quintal

Vendo o sol na minha cara

Claridade ali, parada sobre a roupa

Que desbota, estendida

Sem sopro, sem prece

Nenhum canteiro de rosas, nem de vida

Arremedo de verso e nem dedo de prosa

Nada digno de nota

Um convite pra fazer cara de triste e nem contente

Nada a ser notado

Nada que me faça diferente

As coisas vão ficando e nos deixam de lado

Descontente acho que sempre fui, de graça e sem queixa

Pois já estive em quase todos os quintais que a vida deixa

E jamais achei-os parecidos

Creio serem eles todos muito iguais

Um silêncio com ou sem ladrilhos

Reles, toscos

Frios, quais os trilhos sobre onde vaga o tempo

À margem de quase tudo

Uma imagem sempre assim...

Tão desbotada quanto a triste lembrança

Esquecida, assim, sumiste

Enfim, se apaga

Falso encanto de tecido

De estampado colorido

Que se apaga sob o sol que te ilumina

E termina sempre a se esvair

Deixe sempre um tanto de sorriso sobre tudo isso

Nem que seja só pra que ele seja visto

Nem que o vejam sem notar.

Edson Ricardo Paiva.