INTROSPECTIVA
Minhas linhas inexistentes, tão transparentes que são,
Satélite, fenômeno, cratera, estrela, astro, coração!
Reduz-se, aumenta, invade, permanecem em vão.
Sangue fora da veia, pulso estranhamente lento,
Célula, voz, vida, ar, morte, razão, sentimento!
É um tempo todo pouco, dentro de um momento.
Essa gaveta desarrumada, implica a bagunça que há,
Tinta, lápis, caneta, setas, borracha, rasuras, papel a rasgar!
E a vida como um escrito, mera folha a passar.
Se eu assim como o mar, passar sem tantos poréns,
E se com os dedos o sol tocar, sentindo o beijo que vem,
O universo a poesia apossou, vestiu-se de entranhas e me fez bem.
Dessa janela de loucos vou ver, desse vinho então beberei
Terei o brilho da estrela, do sol, do cometa, da prata e do ouro eu sei
Sei do ódio que me fez odiado e sei do amor que ainda não amei.
ROSILENE LEONARDO DA SILVA, 08/09/21