Paciência Silenciosa

Sem voz, sem ação

Nem sequer reação

De que adianta erguer a voz

Se quem fala mais alto

É quem diz mandar em você?

Não fale, só escute

Você não tem permissão

Quando pais erguem a voz

Você como filho

Não tem perdão

Silêncio, sem tempo

A mulher que no momento

Não pode expor opinião

Pois o marido, furioso

Não permite oposição

Não de um pio

Não é de bom tom conversar

A voz negra não é permitida

Sequer pode ser ouvida

Quando a do branco falar

Quem você é?

Pra tentar expor sua opção?

Orientação? Qual é?

Acha mesmo que falar agora

Te livrará do sofrimento qualquer?

A paciência é uma virtude

Direito a silêncio então

Mas só é permitido calar

A quem tem poder suficiente

Para falar quando tiver intenção

E se calam jovens em casa

E se cala a mulher que trabalha

E se cala LGBT na rua

E se cala o negro na bala

E se cala a vida fadada

Paciência é silenciosa

E talvez seja essa a intenção

Quando nós perdermos a paciência

E tratarmos na mesma agressão

Talvez ninguém mais nós peça

Pra calar a voz em submissão

Maicon Lopes
Enviado por Maicon Lopes em 20/10/2021
Reeditado em 21/02/2022
Código do texto: T7367783
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