Paciência Silenciosa
Sem voz, sem ação
Nem sequer reação
De que adianta erguer a voz
Se quem fala mais alto
É quem diz mandar em você?
Não fale, só escute
Você não tem permissão
Quando pais erguem a voz
Você como filho
Não tem perdão
Silêncio, sem tempo
A mulher que no momento
Não pode expor opinião
Pois o marido, furioso
Não permite oposição
Não de um pio
Não é de bom tom conversar
A voz negra não é permitida
Sequer pode ser ouvida
Quando a do branco falar
Quem você é?
Pra tentar expor sua opção?
Orientação? Qual é?
Acha mesmo que falar agora
Te livrará do sofrimento qualquer?
A paciência é uma virtude
Direito a silêncio então
Mas só é permitido calar
A quem tem poder suficiente
Para falar quando tiver intenção
E se calam jovens em casa
E se cala a mulher que trabalha
E se cala LGBT na rua
E se cala o negro na bala
E se cala a vida fadada
Paciência é silenciosa
E talvez seja essa a intenção
Quando nós perdermos a paciência
E tratarmos na mesma agressão
Talvez ninguém mais nós peça
Pra calar a voz em submissão